sexta-feira, 1 de abril de 2011

PATRIMÔNIO HISTÓRICO DE ARCOVERDE: QUEM PRESERVA?



“A cidade não teve tempo de envelhecer, criar raízes tecer sua própria história através da arquitetura. Todos os seus prédios antigos nos quais residiam alguns valores simbólicos para a cultura do povo de Arcoverde, foram destruídos. Não há nesta cidade uma política de proteção aos patrimônios históricos e culturais em nível local. Trata-se de uma política de desmoronamento da história frente à resistência da memória e da cultura popular”.

Foi dessa forma que o Movimento Cultural de Arcoverde, cidade localizada no Sertão do Estado de Pernambuco, se expressou quando finalmente decidiu ocupar, no ano de 2001, o prédio da Antiga Estação Ferroviária, o qual se encontrava em total abandono.

O motivo da decisão era claro: não havia na cidade qualquer espaço físico que comportasse as crescentes produções dos artistas, que, historicamente, convivem com a indiferença do poder público municipal quando se trata do apoio à cultura.

Na década de 80, surgiu uma remota esperança, principalmente para os atores de teatro e os músicos, pois nesse período se iniciou a construção do lendário Teatro Municipal, aquele que representaria um espaço apropriado para os artistas.

Passaram-se anos, décadas, entramos no século XXI, o Teatro jamais fora inaugurado e hoje sofre as ações do tempo que, aos poucos, o leva ao seu estado inicial de ser apenas entulhos, fruto da demolição de outro patrimônio histórico que existiu no mesmo terreno.

Todos os prédios que simbolizaram a história do povo arcoverdense estão sendo pouco a pouco eliminados, os espaços que reavivavam a memória da população, que provocavam um saudosismo nos mais velhos e uma curiosidade nos mais novos, já não existem mais ou estão em condições precárias.

Exemplo disso são os famosos cinemas que abrigaram um público de toda a região. O Cinema Rio Branco, que ainda resistiu por muito tempo funcionando precariamente, está fechado; o Cine Bandeirante, que passou por diversas facetas, tornando-se até mesmo um “minúsculo” shopping, também está abandonado; o Cine Las Vegas, que tanto emocionou pessoas de todas as idades com as exibições dos filmes de Teixeirinha, já foi praticamente esquecido, e a parte que ainda resta da Casa da Revista, prédio histórico onde existia um comércio de livros, revistas e discos de vinil, atualmente serve como mural para propagandas de políticos ou bandas de pagode.

Por fim, a Antiga Estação Ferroviária, que há 10 anos funciona como Estação da Cultura, abriga parte do movimento cultural da cidade de Arcoverde, foi reconhecida pelo Ministério da Cultura como um Ponto de Cultura, comporta as sessões do Cineclube Locomotivo, o qual, apesar de não ter uma estrutura de cinema, supre a necessidade dos cinéfilos e da comunidade em geral exibindo filmes semanalmente. Esse projeto é coordenado por jovens que convivem também com o descaso, deparando-se diariamente com a depredação do patrimônio público centenário.

De quem é a responsabilidade de cuidar desses espaços? Decerto, cabe ao poder público assumir sua responsabilidade perante a sociedade, investindo e valorizando o patrimônio material e imaterial da cidade, além disso, é necessário proteger a juventude para que esta, ao invés de gastar energias tentando sustentar as paredes de um prédio histórico, preocupe-se mais com o papel que é de direito desses jovens representar: o de produtores de arte.


Raphaella Araújo

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